De acuerdo con la orientación “realista” del pensamiento aristotélico, incluso fenómenos deceptorios como la célebre “ilusión de Aristóteles” (cf. Insomn. 460b20-23 y Met. 1062b35-1063a10) –en la que a través de un estímulo háptico es posible sentir un mismo objeto de manera doble– tienen su origen en alguna causa proveniente del mundo externo, o bien, en algún proceso anímico u orgánico interno (cf. Insomn. 461b30-462a8). Por tanto, se podría decir que el conjunto de experiencias que califican como “irreales”, o que evocan una sensación de “extrañeza” (debido a una alteración de la percepción), están, para Aristóteles, de algún modo fundadas en la realidad (cf. DA 427b14-16 e Insomn. 458b31-33). En el artículo se defenderá esta última tesis, para lo cual será preciso un análisis de diversos textos en los que, pese a no tratar directamente la cuestión acerca del fundamento real de tales fenómenos deceptorios, sin embargo, Aristóteles se sirve de ellos como casos para refutar ciertas posiciones relativistas, o bien, para mostrar que son las condiciones de la percepción y sus órganos los que conducen a enjuiciar erróneamente lo presentado en la imaginación.
According to the “realist” orientation of Aristotelian thought, even deceptive phenomena such as the famous “Aristotelian illusion” (cf. Insomn. 460b20-23 and Met. 1062b35-1063a10) — in which, through a haptic stimulus, it is possible to perceive the same object twice — have their origin in some cause coming from the external world, or in some internal psychic or organic process (cf. Insomn. 461b30-462a8). Therefore, one could say that the set of experiences that are classified as “unreal,” or that evoke a certain sensation of “strangeness” (due to an alteration of perception), are, for Aristotle, in some way grounded in reality (cf. DA 427b14-16 and Insomn. 458b31-33). This last thesis will be defended in the article, which will require an analysis of various texts in which, despite not directly addressing the question of the real basis of such deceptive phenomena, Aristotle nevertheless uses them as cases to refute certain relativist positions, or to show that it is the conditions of perception and its organs that lead to an erroneous judgment of what is presented in the imagination.
De acordo com a orientação “realista” do pensamento aristotélico, mesmo fenômenos enganosos como a célebre “ilusão de Aristóteles” (cf. Insomn. 460b20-23 e Met. 1062b35-1063a10) – na qual, por meio de um estímulo háptico, é possível sentir um mesmo objeto de maneira duplicada – têm sua origem em alguma causa proveniente do mundo externo ou, então, em algum processo anímico ou orgânico interno (cf. Insomn. 461b30-462a8). Portanto, pode-se dizer que o conjunto de experiências que são qualificadas como “irreais”, ou que evocam uma sensação de “estranheza” (devido a uma alteração da percepção), está, para Aristóteles, de algum modo fundado na realidade (cf. DA 427b14-16 e Insomn. 458b31-33). Neste artigo, defender-se-á esta última tese, para o que será necessário um exame de diversos textos nos quais, embora não se trate diretamente da questão acerca do fundamento real desses fenômenos enganosos, Aristóteles, no entanto, recorre a eles como casos para refutar certas posições relativistas ou, ainda, para mostrar que são as condições da percepção e de seus órgãos que conduzem a julgar erroneamente o que é apresentado na imaginação.