Luciana Soria
Es frecuente que se ubique a John Locke como un antecedente indiscutible del individualismo posesivo liberal, esto es como un defensor de las libertades individuales en términos unilaterales asociadas fundamentalmente a la propiedad privada exclusiva y excluyente. C. W. Macpherson a través de su libro La teoría del individualismo posesivo ha sido forjador de esta concepción, ponderando al autor inglés como precursor, junto a otros, de este ideal, que se representa a los sujetos como apropiadores unilaterales de bienes de modo ilimitado, esto conduce a una concepción de la propiedad privada y la consecuente alienación de la soberanía política de aquellos sujetos no poseedores. Si bien esta ha sido una interpretación que se ha propagado fuertemente en el campo de la filosofía política, también han aflorado interpretaciones alternativas y disidentes con la macphersoniana. Desde los estudios contextualistas y republicanos se ha interpretado a Locke como defensor de la función social de la propiedad amparado en una concepción fiduciaria de la propiedad y del poder político, en este marco se ha abierto otra vertiente interpretativa del autor. En esta línea, el objetivo del presente artículo será contrastar la interpretación liberal-macphersoniana de Locke con estas interpretaciones menos conocidas sobre su legado republicano.
It is common to regard John Locke as an indisputable precursor of possessive liberal individualism—that is, as a defender of individual liberties in unilateral terms, fundamentally associated with exclusive and exclusionary private property. C. B. Macpherson, through his book The Political Theory of Possessive Individualism, has shaped this conception, portraying the English author as a precursor, alongside others, of this ideal. It depicts individuals as unilateral appropriators of goods in an unlimited manner, leading to a conception of private property and the consequent alienation of political sovereignty for those who do not possess property. While this interpretation has been widely propagated within the field of political philosophy, alternative and dissenting interpretations have also emerged. From contextualist and republican studies, Locke has been interpreted as a defender of the social function of property, grounded in a fiduciary conception of property and political power. Within this framework, another interpretative strand of Locke has developed. Along these lines, this article aims to contrast the liberal-Macphersonian interpretation of Locke with these lesser-known interpretations of his republican legacy.
É frequente situar John Locke como um precursor indiscutível do individualismo possessivo liberal, ou seja, como um defensor das liberdades individuais em termos unilaterais, fundamentalmente associadas à propriedade privada exclusiva e excludente. C. B. Macpherson, através do seu livro A Teoria do Individualismo Possessivo, foi um dos responsáveis por essa concepção, retratando o autor inglês como precursor, junto a outros, deste ideal, que representa os sujeitos como apropriadores unilaterais de bens de forma ilimitada, levando a uma concepção de propriedade privada e à consequente alienação da soberania política daqueles que não possuem propriedade. Embora esta interpretação tenha sido amplamente difundida no campo da filosofia política, também surgiram interpretações alternativas e dissidentes em relação à visão de Macpherson. A partir de estudos contextualistas e republicanos, Locke foi interpretado como um defensor da função social da propriedade, baseado em uma concepção fiduciária da propriedade e do poder político. Nesse contexto, surgiu outra vertente interpretativa sobre o autor. Nesta linha, o objetivo do presente artigo será contrastar a interpretação liberal-macphersoniana de Locke com essas interpretações menos conhecidas sobre o seu legado republicano.