Estados Unidos
Este artículo vincula el problema de la formación racial brasileña con el modelo de desarrollo económico del país, definido como desarrollismo. Para ello, presenta dos conceptos complementarios. El primero es el de la “Legenda de la Modernidad Encantada”, que comprende un conjunto de ideas elaboradas por sectores del pensamiento social brasileño que, de forma explícita o implícita, identifican la excepcionalidad de la sociedad brasileña frente al mundo, basada en la supuesta ausencia de racionalidad instrumental entre los afrobrasileños. El segundo concepto es el de “desarrollismo racial”, que representa un modelo de desarrollo articulado con los principios señalados por la Legenda, lo que lleva a que estos mismos agentes se muestren conformes o resignados con la posición que ocupan en la jerarquía social. Así, el modelo desarrollista racial sitúa a los afrobrasileños como un obstáculo – por su actuación en sectores de subsistencia de baja productividad – y, al mismo tiempo, como una palanca del crecimiento económico, ya sea por su condición de fuerza de trabajo su remunerada o como poseedores precarios de recursos naturales y culturales susceptibles de ser expropiados según las necesidades del desarrollo. El artículo concluye con reflexiones adicionales sobre el neo-desarrollismo racial, caracterizado por la nueva inserción de la economía brasileña en los mercados globales como exportadora de mercancías basadas en la intensiva explotación de recursos naturales y por el contexto sociopolítico contemporáneo marcado por el avance de la extrema derecha en Brasil.
This paper connects the issue of Brazilian racial formation to the country’s economic development model, commonly referred to as developmentalism. To fulfill this goal, it introduces two complementary concepts. The first is the “Legend of Enchanted Modernity,” which encompasses a set of ideas played out by sectors of Brazilian social thought that, explicitly or implicitly, identify the exceptionalism of Brazilian society in comparison to the world, based on the supposed absence of instrumental agency among Afro-Brazilians. The second concept is “racial developmentalism,” representing a development model aligned with the principles outlined by the Myth, which renders these same agents either content with or resigned to their position within the social hierarchy. Thus, the racial developmentalist model positions Afro-Brazilians simultaneously as an obstacle, due to their concentration in low-productivity subsistence sectors, and as a lever for economic growth, whether through their condition as underpaid labor or as precarious holders of natural and cultural resources that can be expropriated according to developmental needs. The article concludes with further reflections on racial neo-developmentalism, characterized by Brazil’s new incorporation into global markets, which features the export of commodities based on intensive exploitation of natural resources, and the contemporary sociopolitical context marked by the rise of the far right in that nation.
O artigo conecta o problema da formação racial brasileira e o modelo de desenvolvimento econômico deste país, definido como desenvolvimentismo. Para tal, apresenta dois conceitos complementares: o primeiro é o de “Lenda da Modernidade Encantada” que compreende o conjunto de ideias que, explícita ou implicitamente elaboradas por setores do pensamento social brasileiro, identificam a excepcionalidade da sociedade brasileira perante o mundo, fundamentada na suposta ausência de razão instrumental por parte dos Afro-Brasileiros. O segundo conceito é o de “desenvolvimentismo racial”, representando um modelo de desenvolvimento articulado com os princípios apontados pela Lenda, o que torna aqueles mesmos agentes contentes ou resignados com a posição que ocupam na pirâmide social. Portanto, o modelo desenvolvimentista racial torna os Afro-Brasileiros ao mesmo tempo que um obstáculo, por atuarem nos setores de subsistência de baixa produtividade, igualmente uma alavanca do crescimento econômico, seja por sua condição de portadores de uma força de trabalho sub-remunerada seja enquanto precários donos de recursos naturais e culturais expropriáveis de acordo com as necessidades do desenvolvimento. O artigo é concluído com reflexões adicionais sobre o neodesenvolvimentismo racial caracterizado pela nova inserção da economia brasileira nos mercados globais marcada pela exportação de produtos baseados na intensiva exploração de recursos naturais e no novo contexto sociopolítico caracterizado pelo avanço da extrema direita no Brasil.