Eliel Rocha Dorneles
O presente artigo tem por finalidade analisar criticamente os impactos da desinformação e da pós-verdade sobre a comunicação humana, o espaço público e a democracia constitucional, no contexto do capitalismo de vigilância. Justifica-se a pesquisa pela crescente fragilização da racionalidade comunicativa e pela substituição da verdade factual por narrativas afetivamente manipuladas, fenômeno que compromete as bases normativas do constitucionalismo democrático. O objetivo central consistiu em investigar como tais dinâmicas comunicacionais, intensificadas por tecnologias digitais e arquiteturas algorítmicas opacas, desestruturam a esfera pública e afetam a autonomia dos sujeitos. A metodologia adotada foi de cunho qualitativo, com abordagem hipotético-dedutiva e procedimento bibliográfico-documental, fundamentado na análise de autores clássicos e contemporâneos da filosofia política, da sociologia da informação e da teoria da comunicação. Os resultados indicam que a desinformação opera como um instrumento político de poder simbólico, cuja eficácia reside na mobilização emocional e na construção de ficções consensuais. A discussão revelou que, no capitalismo de vigilância, a cidadania é transformada em objeto de previsão e controle, com impactos diretos sobre a soberania popular e a liberdade individual. Conclui-se que a defesa da verdade factual e da comunicação racional constitui imperativo teórico e político para a reconstrução do espaço público e a proteção da democracia na era digital.