Brasil
El objetivo de este artículo es analizar las conexiones entre las disposiciones estatales que regulan el destino de vehículos al final de su vida útil y la formación de economías locales y transnacionales para automóviles y autopartes usados. Para este análisis, nos basaremos en lo que hemos aprendido de tres contextos empíricos específicos: los mecánicos callejeros en Saint-Denis, al norte del Gran París, Francia; el comercio de autopartes usadas en la región de Abossey Okai en Acra, Ghana; y el desmantelamiento de vehículos para la venta de partes en la Avenida Riacho, en São Paulo, Brasil. Este debate se basa en los resultados preliminares del proyecto Globalcar, un proyecto de investigación etnográfica colectiva y multisituada sobre los circuitos económicos (in)formales e (il)legales de vehículos de segunda mano y autopartes, que se viene desarrollando desde 2021. En el contexto contemporáneo, los vehículos al final de su vida útil son valiosos recursos globales, disputados por diferentes circuitos económicos, como la industria del reciclaje, la reutilización de piezas de segunda mano e incluso la exportación para su reparación y reventa como vehículos de segunda mano a territorios con regulaciones menos restrictivas o más fáciles de eludir. Estas redes transnacionales representan carreteras secundarias de la cadena automotriz, mecanismos de expansión y difusión del “sistema” de la automovilidad en las periferias del capitalismo. Su dinámica revela conexiones y fricciones globales, y plantea un debate sobre las geografías desiguales de las políticas ambientales, el desarrollo económico y la globalización.
The aim of this article is to analyze the connections between state provisions regulating the disposal of end-of-life vehicles and the formation of local and transnational economies for used automobiles and auto parts. For this discussion, we will draw on what we have learned from three specific empirical contexts: Street mechanics in Saint-Denis, north of Greater Paris, France; the trade in used auto parts in the Abossey Okai region of Acra, Ghana; and the dismantling of vehicles for the sale of parts on Avenida Riacho, in São Paulo, Brazil. This discussion is based on the preliminary results of the Globalcar project, a multi-sited and collective ethnographic research project on the (in)formal and (il)legal economic circuits of second-hand vehicles and auto parts, which has been under development since 2021. In the contemporary context, end-of-life vehicles are valuable global resources, disputed by different economic circuits – such as the recycling industry, the reuse of second-hand parts and even the export for repair and resale as second-hand vehicles to territories with less restrictive or more easily circumvented regulations. These transnational networks represent backroads of the automotive chain, mechanisms for expanding and spreading the "system" of automobility in the peripheries of capitalism. Their dynamics reveal global connections and frictions and raises a debate about the unequal geographies of environmental policies, economic development and globalization.
Veículos em fim de vida útil são recursos globais valiosos, disputados nos países produtores por leilões, desmontadores, recicladores e exportadores, que alimentam mercados de autopeças, reparação e revenda em países com regulações menos restritivas ou mais facilmente burláveis. Essas redes expandem e capilarizam o sistema de automobilidades às periferias do capitalismo global. Este artigo compara a regulação estatal para veículos em fim de vida útil e a conformação de circuitos econômicos transnacionais que a acompanha, em três contextos estudados pela equipe de uma pesquisa coletiva e transnacional sobre informalidades e ilegalidades nos mercados de veículos usados. Nos marcos dessa pesquisa, Marie Morelle e Sébastien Jacquot estudaram etnograficamente os mecânicos de rua em Saint-Denis, norte da Grande Paris, França; Corentin Cohen, Gabriel Feltran, John Oti Amoah e Deborah Fromm pesquisaram o comércio de autopeças na região de Abossey Okai, em Acra, Gana; e André de Pieri Pimentel estudou a desmontagem de veículos para venda de peças na Avenida Riacho, em São Paulo, Brasil. Argumentamos que suas dinâmicas desvelam fricções analíticas relevantes, levantando um debate sobre as geografias desiguais do desenvolvimento econômico, as políticas ambientais e a globalização.