Bráulio Marques Rodrigues
Em sua obra Ideologia e Utopia (1929), Karl Mannheim (1893-1947) apresenta uma epistemologia para as ciências sociais que - se valendo de influências do romantismo alemão, do messianismo político e, fundamentalmente, do hegelianismo progressista - determina tanto o agir (práxis) quanto o pensar (poiesis). Sua teoria do conhecimento imiscui na experiência a própria reflexividade como atributo necessário da consciência, em sua leitura perspectivista todo ato de conhecer não operaciona apenas a teórica (lógica formal ou epistemologia positivista), mas igualmente interpretações ou perspectivas de natureza não teórica, desejos da vida social que caracterizam as vontades a que o indivíduo está sujeito e que se confundem com suas elucubrações abstratas. A educação, ipso facto, tem uma missão ética no desvelamento do caráter ideológico das instituições e, contrario sensu, enriquecimento da experiência sensível essencial aos intentos formacionais da pessoa humana.