Pascale Vielle
Os sistemas de proteção social se desenvolveram, em um contexto de industrialização, em suporte a um modelo econômico produtivista que, por sua vez, os reforça. A transição ecológica impõe um reexame das bases e dos princípios de funcionamento de tais sistemas. O movimento ecofeminista propõe histórias e formas de narrativas que renovam a leitura das origens e dos fundamentos do produtivismo. Tais histórias permitem realocar, em um repertório diferente, proposições para uma transição ecológica que reabilite a continuidade entre natureza e cultura, o respeito a um planeta com recursos limitados, os conhecimentos, o trabalho, os modos cognitivos e os valores considerados “femininos”, bem como os territórios e as populações do Sul global. Elas conduzem a visualizar a elaboração dos sistemas de proteção social pensados sob o modelo de “comuns” e fundados sobre a ética do cuidado, que respondem aos novos riscos ambientais (calor extremo, fome, epidemias), e sustentam uma transição ecológica que limite o impacto humano sobre o planeta.