Brasil
Background: Obstetric violence is described as the imposition of hospital practices that disregard women’s autonomy during the childbirth process. Objective: To understand women's perceptions of obstetric violence in a municipality in southern Brazil. Method: This is a descriptive, qualitative study conducted between July and September 2024 with 20 women aged 18 years or older, who had given birth within the previous two years and were not in the puerperal period. Data collection was carried out through semi-structured interviews, which were audio-recorded, transcribed using Happyscribe software, and subjected to content analysis. Results: Three thematic categories emerged: perception of obstetric violence, false perception of non-obstetric violence, and satisfaction with adequate care. Participants’ narratives revealed dehumanizing practices, such as the Kristeller maneuver, pubic hair removal, food restriction, non-consensual interventions, and violations of autonomy during childbirth. Some women did not initially identify these practices as violent, reflecting a cultural normalization of unnecessary interventions. Conclusions: Obstetric violence is perpetuated by the normalization of abusive practices in hospital settings and by the lack of awareness regarding women's rights. Humanizing care is essential to reduce such practices, ensuring autonomy and respect for women's choices during childbirth.
Contexto: A violência obstétrica é descrita como a imposição de práticas hospitalares que desconsideram a autonomia da mulher no processo de parto.Objetivo: Compreender a perceção de mulheres acerca da violência obstétrica num município do sul do Brasil. Métodos: Estudo descritivo e qualitativo, conduzido entre julho e setembro de 2024 com 20 mulheres com idade superior a 18 anos, que tiveram filhos nos dois anos anteriores e que não estavam no puerpério. A recolha de dados foi realizada através de entrevistas semiestruturadas, gravadas, transcritas com o auxílio do software Happyscribe e submetidas a análise de conteúdo. Resultados: Emergiram três categorias: perceção de violência obstétrica, falsa perceção de não violência obstétrica e satisfação com o atendimento adequado. Os relatos evidenciaram práticas desumanizadas, como a manobra de Kristeller, depilação dos pelos púbicos, proibição de alimentação, intervenções não consentidas e violação da autonomia durante o parto. Algumas mulheres não reconheceram essas práticas como violência, refletindo uma culturalização de intervenções desnecessárias. Conclusões: A violência obstétrica é perpetuada pela normalização de práticas abusivas no ambiente hospitalar e pela falta de consciencialização acerca dos direitos das mulheres. A humanização do parto é essencial para reduzir estas práticas, garantindo a autonomia e o respeito pelas escolhas das mulheres nesse contexto.