A Violência Obstétrica (VO) representa um sério problema de saúde pública no Brasil, pois todas as suas manifestações convergem para a objetificação e o desrespeito ao binômio mãe-filho. Apesar da gravidade da situação, fatores culturais profundamente enraizados na sociedade contribuem para que essa violência seja banalizada e interpretada como algo “natural”. Este estudo teve como objetivo analisar, por meio da literatura nacional e internacional, a problemática da VO e sua naturalização no contexto sociocultural brasileiro. Realizou-se uma revisão integrativa da literatura, contemplando publicações entre 2010 e 2023. As bases utilizadas para coleta de dados foram LILACS, PubMed e SciELO. Os resultados evidenciam que as práticas mais frequentemente citadas incluem abusos verbais, procedimentos dolorosos e desnecessários, além da omissão da opinião da gestante durante o parto. Observou-se também que o perfil das vítimas é, majoritariamente, composto por mulheres em situação de vulnerabilidade social. Conclui-se que a VO ainda é amplamente normalizada por discursos institucionais e sociais, expressando-se em falas e condutas marcadas por uma cultura patriarcal, pela ideologia de gênero e pela naturalização de desigualdades sociais. Assim, o enfrentamento dessa violência exige o rompimento com padrões culturais que legitimam tais práticas, além da valorização de abordagens humanizadas no cuidado obstétrico.