México
El modelo antitrata se apoya en un enfoque de justicia criminal sustentado en el binomio víctima-victimario, que exime al Estado de toda responsabilidad por la generación de desigualdades estructurales que comprometen el bienestar de niñas, niños y adolescentes. Este artículo tiene como objetivo examinar las diferentes circunstancias que llevan a las niñas y adolescentes más vulnerables a acceder a ser traficadas para la prostitución como única salida a sus problemas. Se entiende como víctimas más vulnerables a las niñas y adolescentes victimizadas tanto por los traficantes, que obtienen un beneficio económico de su explotación, como por las autoridades, que las maltratan porque no se ajustan al tipo ideal de víctima sin agencia. La metodología usada fue cualitativa, a partir de entrevistas en profundidad, con un procedimiento de muestreo en cadena. Se entrevistaron 77 mujeres migrantes centroamericanas, traficadas cuando eran menores de edad, que fueron explotadas en el comercio sexual en Estados Unidos durante un promedio de casi siete años, hasta que fueron liberadas tras una redada policial. Paradójicamente, las víctimas describían como personas malas e inhumanas a las autoridades que las rescataron, y calificaban como personas buenas a los traficantes y dueños de locales nocturnos que las explotaron en Estados Unidos. Se concluye que la edad es un elemento que se interseca simultáneamente con opresiones de género, clase, origen y estatus migratorio. Esta intersección transforma la experiencia de la explotación de las niñas y adolescentes migrantes inmersas en mercados sexuales foráneos, convirtiéndola en una vía para lograr una vida más independiente. Por lo tanto, el modelo antitrata es inadecuado para representar y conceptualizar la realidad de muchas menores migrantes en el mercado de la prostitución.
O modelo de combate ao tráfico se baseia em uma abordagem de justiça criminal sustentada no binômio vítima-agressor, que isenta o Estado de qualquer responsabilidade pela geração de desigualdades estruturais que comprometam o bem-estar de crianças e adolescentes. Este artigo tem como objetivo examinar as diferentes circunstâncias que levam as meninas e adolescentes mais vulneráveis a concordar em serem traficadas para a prostituição como a única saída para seus problemas. As vítimas mais vulneráveis são entendidas como meninas e adolescentes vitimizadas tanto por traficantes, que obtêm um benefício econômico com sua exploração, quanto pelas autoridades, que as maltratam porque não se encaixam no tipo ideal de vítima sem agência. A metodologia utilizada foi qualitativa, a partir de entrevistas aprofundadas, com um procedimento de amostragem em cadeia. Foram entrevistadas 77 mulheres migrantes centro-americanas, traficadas quando eram menores, que foram exploradas no comércio sexual nos Estados Unidos por uma média de quase sete anos, até serem libertadas após uma batida policial. Paradoxalmente, as vítimas descreveram as autoridades que as resgataram como pessoas más e desumanas, e consideravam os traficantes e donos de boates que as exploraram nos Estados Unidos como pessoas boas. Conclui-se que a idade é um elemento que se cruza simultaneamente com as opressões de gênero, classe, origem e status migratório. Essa intersecção transforma a experiência de exploração de meninas e adolescentes migrantes imersas em mercados de sexo estrangeiros, transformando-a em uma forma de alcançar uma vida mais independente. Portanto, o modelo de combate ao tráfico é inadequado para representar e conceituar a realidade de muitas menores migrantes no mercado da prostituição.
The dominant anti-trafficking model operates within a criminal justice framework grounded in a rigid victim-perpetrator binary. This approach effectively absolves the state of any responsibility for the structural inequalities that undermine the rights and well-being of children and adolescents. This article examines the conditions that drive highly vulnerable girls and adolescents to see trafficking into prostitution as their only available option. These “most vulnerable victims” are exploited not only by traffickers—who profit from their abuse—but also by authorities, who often mistreat them for failing to embody the idealized image of an agencyless victim. Using a qualitative methodology based on in-depth interviews and chain-referral sampling, the study draws on the testimonies of 77 Central American migrant women who were trafficked as minors and exploited in the U.S. sex trade for an average of nearly seven years. Most were eventually freed through police raids. Paradoxically, many of these women described the authorities who rescued them as abusive and dehumanizing, while referring to the traffickers and club owners who exploited them as kind or humane. The findings suggest that age intersects with gender, class, national origin, and immigration status to shape how migrant girls and adolescents experience sexual exploitation. In many cases, this exploitation became—however paradoxically—a means of pursuing greater autonomy. As such, the current anti-trafficking framework fails to capture or address the complex realities faced by many underage migrant girls within the sex industry.