Perú
Las persistentes brechas de género en las oportunidades laborales afectan especialmente a las mujeres de sectores socioeconómicos vulnerables. Una de las variables clave es la organización social de los cuidados y, en particular, del cuidado de los niños pequeños. Lo que corresponde al cuidado de la primera infancia queda muchas veces fuera de la oferta de servicios públicos. A partir de un estudio de caso con entrevistas a profundidad sobre la organización del cuidado infantil en distritos urbano-marginales de Lima, este artículo presenta la experiencia social de madres con los programas de educación y cuidado de la primera infancia financiados por el Estado para ilustrar los escollos del diseño de la política pública. Se muestra que, por lo general, es poco probable que las madres dejen a sus hijos bajo el cuidado de estos programas, a no ser que no tengan otra opción, y también es común que no tengan acceso a ellos debido a la escasa prestación de servicios. Los resultados indican que varios elementos propios del diseño de los servicios de guardería financiados por el Estado peruano van en contra de la expansión de la demanda de estos. Adicionalmente, una estricta ética del deber maternal se superpone a la desconfianza, que no necesariamente es resultado de la experiencia concreta de las madres con estos servicios. La ausencia de cuidadoras disponibles dentro de la red familiar es la principal razón invocada para justificar el uso de guarderías. La mayoría de las madres entrevistadas que nunca han recurrido a los servicios de guardería tienen una percepción negativa de esta opción, aunque reconozcan que la necesitan.
Persistent gender disparities in employment opportunities disproportionately affect women in socioeconomically vulnerable communities. A key factor influencing this inequality is the social organization of caregiving, particularly early childhood care, which often falls outside the scope of public service provision. This article draws on a case study with in-depth interviews on childcare arrangements in urban-marginal districts of Lima, exploring the experiences of mothers with state-funded early childhood education and care programs. It highlights the structural challenges in public policy design that hinder access and participation. Findings reveal that mothers are generally reluctant to enroll their children in these programs unless they have no alternative. Additionally, limited service availability creates significant barriers to access. The study indicates that several aspects of the design of Peruvian state-funded daycare services actively discourage demand. Furthermore, a deeply ingrained maternal duty ethic reinforces distrust toward these programs—distrust that is often not based on direct experience. The most common reason cited for using daycare is the absence of alternative caregivers within the family network. Notably, many mothers who have never used daycare services perceive them negatively, despite recognizing their necessity.
As persistentes disparidades de gênero nas oportunidades de emprego afetam particularmente as mulheres de setores socioeconômicos vulneráveis. Uma das variáveis-chave é a organização social do cuidado e, em particular, o cuidado de crianças pequenas. Os cuidados na primeira infância muitas vezes não são contemplados na oferta de serviços públicos. Com base em um estudo de caso com entrevistas detalhadas sobre a organização do cuidado infantil em distritos urbanos marginais de Lima, este artigo apresenta a experiência social de mães com programas de educação e cuidados na primeira infância financiados pelo Estado para ilustrar as limitações da elaboração de políticas públicas. Isso mostra que é pouco provável que as mães deixem seus filhos sob os cuidados desses programas, a menos que não tenham outra opção, e é comum que não tenham acesso a eles devido à escassa prestação de serviços. Os resultados indicam que vários elementos da elaboração dos serviços de cuidado infantil financiados pelo Estado peruano vão na contramão da expansão da demanda por eles. Além disso, uma ética estrita do dever materno se sobrepõe à desconfiança, que não é necessariamente o resultado da experiência concreta das mães com esses serviços. A ausência de cuidadores disponíveis na rede familiar é o principal motivo citado para justificar o uso de creches. A maioria das mães entrevistadas que nunca utilizou os serviços de creches tem uma percepção negativa dessa opção, mesmo que reconheçam a necessidade.