Brasil
The topic of moral responsibility, specifically the philosophical problem of our acts of praise and blame, is commonly theorized through the correlation between general concepts and their relation to intersubjective experience. Variations and disagreements on the topic can be understood and overcome if analyzed in light of its philosophical nature, involving the metaphilosophical and methodological roots of moral responsibility. The central questions are: why is responsibility a philosophical problem? What is the root of this inquiry? To address these questions, it is necessary to compare theories from the British context of the 19th and 20th centuries, during which P. F. Strawson wrote the most influential paper on the topic. His understanding of the moral problem is linked to a philosophical movement traceable to neo-Kantianism. Despite differences between the British analytical context and neo-Kantianism, both programs are interconnected through a common opposition to scientism and psychologism, emerging from the downfall of Hegelian idealism (albeit from different fronts). Thus, by comparing Strawson and Cassirer, we aim to find a thread that allows for a proper fixation of the philosophical problem, approaching both authors—albeit tenuously—through a metaphilosophical issue.
O tema da responsabilidade moral, mais especificamente o problema filosófico sobre nossos atos de louvor e censura, é comumente teorizado a partir da correlação entre conceitos gerais e sua relação com a experiência intersubjetiva. As variações e discordâncias sobre o tema podem ser compreendidas e superadas se forem analisadas à luz de sua natureza filosófica, envolvendo a raiz metafilosófica e metodológica da responsabilidade moral. Com isso, as questões centrais da presente arguição são: por que a responsabilidade é um problema filosófico? Qual é a raiz de sua inquirição? Para contemplar tais questões, faz-se necessário cotejar teorias que se encontram no contexto britânico dos séculos XIX e XX, época na qual o artigo mais influente sobre o tema foi escrito por P. F. Strawson, e sua compreensão do problema moral como resultado de um movimento filosófico que pode ser rastreado até o neokantismo. Não obstante o fato de podermos traçar diferenças entre o contexto analítico britânico e o neokantismo, é necessário antes entender que ambos os programas estão interligados por uma oposição comum ao cientificismo e ao psicologismo, e que ambas as perspectivas gestam-se a partir da derrocada do idealismo hegeliano (mesmo que em diferentes frentes). Assim, será por meio da comparação entre Strawson e Cassirer que buscaremos um fio que torne possível a correta fixação do problema filosófico a partir da compreensão metodológica que aproxima – mesmo que seja uma aproximação tênue – ambos os autores à luz de um problema metafilosófico.