A partir da análise do estudo de caso de fertirrigação utilizando o efluente de uma estação de tratamento de águas residuais (ETAR) em Cachoeiras de Macacu/RJ, esta pesquisa visa contribuir para a implementação da reutilização de águas residuais, avaliando-o como fonte alternativa de água para irrigação de áreas rurais. A irrigação com água recuperada tem sido cada vez mais utilizada por vários países, devido a situações de escassez de água e ao buraco da agricultura como um dos maiores consumidores de água. Com base nos resultados da avaliação dos parâmetros de monitoramento da ETAR e comparando-os com os limites nas referências relativas aos parâmetros de qualidade das águas de reuso no Brasil e no exterior, constatou-se que existe um bom potencial para o uso de efluentes na irrigação. A maioria dos parâmetros avaliados atende aos padrões da legislação disponível. Por outro lado, também foi possível identificar algumas dificuldades para a implementação desta prática no Brasil, tais como: a) o reduzido conhecimento e a falta de uma cultura de reúso no país, justificando inclusive a ausência de uma legislação mais específica para a água recuperada, tanto na área rural quanto na urbana; b) as longas distâncias entre os grandes produtores de água recuperada (ETAR nas áreas urbanas) e os potenciais consumidores na área rural e c) o baixo custo da água de fontes convencionais (poços, rios, lagoas) na área rural. Entretanto, a reutilização se tornará uma alternativa estratégica para uma fonte de água, aumentando a segurança da água e permitindo uma gestão mais racional e sustentável dos recursos hídricos. Apesar da reconhecida resiliência dos processos de lagoas de estabilização, no caso específico da ETAR avaliada, a ausência de uma garantia de entrada mais constante de esgoto bruto para alimentar o sistema pode ser crítica, uma vez que implica diretamente em uma menor disponibilidade de água para suprir a demanda potencial de água recuperada na região vizinha. Para reduzir os riscos sanitários, a implementação de uma ultrafiltração com membrana no trem de tratamento aumentaria as barreiras sanitárias e deveria proporcionar mais segurança ao sistema.