Brasil
This article analyzes the concept of “place of speech”, its use in the contemporary context and its implications for freedom of expression, focusing on how this concept can be used in an exclusionary manner, generating new forms of censorship. The objective is to reflect on the dissociations between the popular use of the expression and its theoretical foundations, exploring the impact of these distortions on the effectiveness of the right to free expression. The methodology adopted is a literary review, rescuing different philosophical traditions to consider an epistemology of the concept of “place of speech”, proposing two meanings for the concept: a legal-political one, which seeks to amplify the voice of historically silenced groups, and an “egotopic” one, which restricts expression to certain subjects. The study illustrates these issues through the case of historian Lilia Schwarcz, who faced attacks after publishing a text about the singer Beyoncé. The analysis concludes that the appropriate use of the expression “place of speech” should be a means of inclusion and amplification of marginalized voices, while its improper use can result in new forms of censorship (post-censorship, or indirect censorship), undermining freedom of expression and the right to critical expression.
Este artigo analisa o conceito de “lugar de fala”, seu uso no contexto contemporâneo e suas implicações para a liberdade de expressão, com foco em como esse conceito pode ser empregado de maneira excludente, gerando novas formas de censura. O objetivo é refletir sobre as dissociações entre o uso popular da expressão e suas fundações teóricas, explorando o impacto dessas distorções na efetividade do direito à livre manifestação. A metodologia adotada é de revisão literária, resgatando diferentes tradições filosóficas a fim de se pensar uma epistemologia do conceito de “lugar de fala”, propondo dois sentidos para o conceito: um jurídico-político, que busca ampliar a voz de grupos historicamente silenciados, e outro “egotópico”, que restringe a expressão a determinados sujeitos. O estudo ilustra essas questões por meio do caso da historiadora Lilia Schwarcz, que enfrentou ataques após publicar um texto sobre a cantora Beyoncé. A análise conclui que o uso apropriado da expressão “lugar de fala” deve ser um meio de inclusão e ampliação de vozes marginalizadas, enquanto seu uso indevido pode resultar em novas formas de censura (pós-censura, ou censura indireta), prejudicando a liberdade de expressão e o direito de manifestação crítica.