Edgar Rogelio Álvarez, José Aramís Marín Pérez, Igor Antonio Rivera González
Desde los escritos de Cantillon, Say y Schumpeter, el emprendimiento se ha definido a través de la figura de un individuo llamado “emprendedor”. Protagonista y especialmente talentoso para asumir el riesgo, el emprendedor es una pieza clave en la creación de la riqueza. No obstante, gracias a nuestro trabajo con empresas coope-rativas, hemos notado que ciertos emprendimientos surgen de un esfuer-zo colectivo: ¿no será esta la verdadera naturaleza del emprendimiento? El objetivo de este trabajo es cuestionar la construcción ontológica que se ha hecho sobre el “héroe” emprendedor, para confrontarla con una lectura sistémica donde el individuo no existe sin el colectivo que lo rodea. Esta confrontación teórica, que implica un desplazamiento antro-pológico hacia la aceptación de la complejidad humana, será ilustrada a través de la experiencia que tenemos con emprendimientos de coopera-tivas. Hemos recolectado y organizado información de seis casos de cooperativas en la Ciudad de México a través de observaciones y en-trevistas semiestructuradas. Nuestros hallazgos sugieren que todos los emprendimientos son, directa o indirectamente, colectivos; en todo caso, el mito del emprendedor individual que crea desde cero muestra sus límites tanto teóricos como prácticos, particularmente en las políticas públicas. Un entendimiento colectivo —incluso cooperativo— del emprendimiento implicaría redefinir el proceso de “emprendimiento”, el rol del “emprendedor” o “el colectivo de emprendedores”, las historias que contamos, las organizaciones que creamos, la formación que brindamos, y las políticas públicas que proponemos. Si bien la generalización de nuestros hallazgos requiere mayor investigación, creemos que este artículo abre el debate para mejorar la comprensión que tenemos sobre el emprendimiento
Starting with the writings of Cantillon, Say, and Schumpeter, entrepreneurship has been defined through the figure of an individual known as the “entrepreneur.” As the protagonist of the story, especially skilled at assuming risk, the entrepreneur is considered a key player in the creation of wealth. However, through our work with cooperative enterprises, we have observed that certain entrepreneurial ventures emerge from collective effort. Could this be the true nature of entrepreneurship? The aim of this paper is to challenge the ontological construct of the “hero” entrepreneur and contrast this insight with a systemic reading in which the individual cannot exist without the surrounding collective. This theoretical confrontation, involving an anthropological shift toward accepting human complexity, will be illustrated through our experience with cooperative ventures. We have collected and organized information from six cases of cooperatives in Mexico City through observations and semi-structured interviews. Our findings suggest that all entrepreneurial ventures are (directly or indirectly) collective. In any case, the myth of the individual entrepreneur who creates from scratch reveals its theoretical and practical limitations, particularly in public policies. A collective—indeed, cooperative—understanding of entrepreneurship would entail redefining the process of “entrepreneurship,” the role of the “entrepreneur” or “collective of entrepreneurs,” the stories we tell, the organizations we create, the training we provide, and the public policies we propose. While generalizing our findings requires further research, we believe this paper opens the debate to enhance our understanding of entrepreneurship.
Desde os escritos de Cantillon, Say e Schumpeter, o empreendedorismo foi definido por meio da figura de um indivíduo chamado “empreendedor”. Protagonista e especialmente talentoso para assumir riscos, o empreendedor é uma peça-chave na criação da riqueza. No entanto, graças ao nosso trabalho com empresas cooperativas, notamos que certos empreendimentos surgem do esforço coletivo: não seria essa a verdadeira natureza do empreendedorismo? O objetivo deste trabalho é questionar a construção ontológica que foi feita sobre o “herói” empreendedor, para confrontá-la com uma leitura sistêmica na qual o indivíduo não existe sem o coletivo que o rodeia. Essa confrontação teórica, que implica um deslocamento antropológico em direção à aceitação da complexidade humana, será ilustrada por meio da experiência que temos com empreendimentos de cooperativas. Coletamos e organizamos informação de seis casos de cooperativas na Cidade do México mediante observações e entrevistas semiestruturadas. Nossos achados sugerem que todos os empreendimentos sejam, direta ou indiretamente, coletivos. De qualquer forma, o mito do empreendedor individual que cria desde zero mostra seus limites tanto teóricos quanto práticos, particularmente nas políticas públicas. Um entendimento coletivo — inclusive cooperativo — do empreendedorismo implicaria redefinir o processo de “empreendedorismo”, o papel do “empreendedor” ou “o coletivo de empreendedores”, as histórias que contamos, as organizações que criamos, a formação que oferecemos e as políticas públicas que propomos. Ainda que a generalização dos nossos achados exija mais pesquisas, acreditamos que este artigo abre o debate para melhorar nossa compreensão sobre o empreendedorismo.