Joana Lucas
Based on ethnographic fieldwork carried out in Chefchaouen (Morocco), in the wake of the classification of the “Mediterranean Diet” as Intangible Cultural Heritage by unesco (2010; 2013), this text seeks to reflect on the transformations of food practices in the region in the light of national agricultural policies, and how the affirma-tion of a heritage narrative – presented as an additional value – has brought new uses and meanings to local language and practices related to food consumption in the territory. Focusing on the concept of beldi, widely used in Morocco to posi-tively qualify food products from different points of view, we will try to discuss how, in Chefchaouen, this concept ended up replacing the “Mediterranean Diet” in the discourses produced about local food practices.
Partindo do trabalho de campo etnográfico realizado em Chefchaouen (Marrocos), no rescaldo da classificação da “Dieta mediterrânica” como Património Cultural Imaterial pela unesco (2010; 2013), este texto procura refletir sobre as transformações das práticas alimentares na região à luz das políticas agrícolas nacionais e sobre a forma como a afirmação de uma narrativa patrimonial – apresentada como um valor adicional – vem trazer novos usos e significados à linguagem e às práticas locais relacionadas com os consumos alimentares no território. Centrando-se no conceito de beldi, amplamente utilizado em contexto marroquino no sentido de qualificar positivamente os produtos alimentares sob distintos pontos de vista, procurar-se-á discutir a forma como, em Chefchaouen, este conceito acabou por substituir o de “Dieta mediterrânica”, nos discursos produzidos sobre as práticas alimentares locais.