O presente artigo tem por escopo analisar a crise de autoridade do sistema democrático no século XXI. A partir da teoria desenvolvida por Edgar Morin (“Crisologia”), busca-se identificar os fatores exógenos e endógenos causadores de déficit de confiança nas democracias, como a mudança de paradigmas na sociedade pós-industrial, a separação entre poder e política e a insuficiência do sistema representativo da vontade popular. Propõe-se a examinar a apatia política, a polarização social, o crescimento da extrema-direita e de levantes autoritários, como efeitos da atual conjuntura econômica, política, social e ambiental. Apresenta reflexões sobre a inevitabilidade das crises e seu papel integrativo na ordem democrática. O intuito é demonstrar que as crises tanto podem erodir o sistema, causar a perda de direitos e retrocessos, como criar oportunidades de progresso social e de aperfeiçoamento. A diferença estará nas forças escolhidas para desbloquear os conflitos. Se liberadas forças regenerativas, estas contribuirão ao encontro de soluções às insatisfações sociais, à criação de novos direitos e à melhoria da dinâmica democrática. Se predominarem as forças destrutivas, haverá riscos de ruptura das democracias, de perda de liberdades e de conquistas civilizatórias.