Patrícia Regina Affonso de Siqueira, Rejane Corrêa Marques
O aumento na prevalência de patologias crônicas, comprometimentos no desenvolvimento neurológico, neoplasias e distúrbios metabólicos sugere que pode haver contribuição de fatores não genéticos como a carga crescente de exposições a poluentes nos primeiros anos de vida ou durante a gravidez. O contato com alguns destes compostos tóxicos apresenta-se oportunamente mais deletério em períodos específicos de maior susceptibilidade, dentre os quais se destacam a vida intrauterina e a infância. Esta revisão tem como objetivo descrever desfechos desfavoráveis à saúde infantil e sua relação com as exposições ambientais relatadas na literatura científica. Identificou-se que dentre as exposições ambientais, as maiores incidências estavam relacionadas aos poluentes atmosféricos, PFAs, Ftalatos, PBDEs, PCBs, DDT e metais pesados. Entre os desfechos indesejados na saúde perinatal e infantil destacaram-se os distúrbios da função pulmonar, cardiometabólicos, distúrbios do neurodesenvolvimento, do crescimento fetal, reprodutivos, obesidade, neoplasias, interrupção da amamentação, problemas da fisiologia intestinal, do desenvolvimento epigenético, abortamento e prematuridade extrema. Os resultados sinalizaram que as exposições ambientais químicas e não químicas têm gerado efeitos deletérios à saúde da população, especialmente durante o início da vida, com repercussões por toda a infância e até a vida adulta.