O presente texto apresenta parte dos resultados de uma pesquisa de mestrado que investigou a produção científica brasileira sobre o termo “ideologia de gênero”, refletindo se a adoção deste termo está pautada em fundamentos científicos ou se é mera falácia retórica de grupos que disputam os espaços e instituições sociais no Brasil. A pesquisa é qualitativa e fundamentada no Materialismo Histórico-Dialético, servindo-se da análise de conteúdo e de elementos da Metapesquisa. Ancorada na ideia de Educação Sexual emancipatória, a pesquisa se concentrou em mapear a produção acadêmica sobre o tema, buscando compreender como a “ideologia de gênero” tem sido abordada nas pesquisas dos programas de pós-graduação brasileiros e desvendar se ela se constitui como uma ciência ou falácia. Os resultados demonstram que a produção científica sobre o tema não possuía expressão relevante até o ano de 2015, quando houve um pico midiático sobre o termo, despertando o interesse da comunidade científica para o assunto. A análise do recorte geográfico nos permite inferir que a maior parte das pesquisas sobre a “ideologia de gênero” se concentra nas regiões sudeste e sul do Brasil, com menor representatividade na região Norte do país, apesar desta região ser significativamente afetada por discursos conservadores, antissexuais e anticientíficos. Pelo estudo, é possível concluir que o termo “ideologia de gênero” se constitui como uma falácia argumentativa, construída por setores conservadores e religiosos para desacreditar e enfraquecer movimentos sociais, como o movimento feminista e o movimento LGBTI+, disseminando pânico moral e influenciando políticas públicas, principalmente na área da educação.