O artigo analisa a função social do ensino das Ciências da Natureza e suas tecnologias na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o Ensino Médio, destacando suas implicações pedagógicas e ideológicas. A pesquisa enfatiza a desconexão entre o ensino tradicional, focado na memorização, e a promoção de uma aprendizagem significativa e emancipadora. A BNCC propõe a contextualização e a interdisciplinaridade no ensino, visando desenvolver o Letramento Científico (LC), capacitando os estudantes a compreender e transformar o mundo à sua volta com base no conhecimento científico. Por meio de uma análise documental qualitativa, o estudo constatou que a expressão “Letramento Científico” aparece de forma limitada e geralmente relacionada à compreensão de problemas cotidianos e à tomada de decisões conscientes. Embora a BNCC valorize competências e habilidades aplicadas, a organização curricular reflete uma prevalência da ideologia técnico-comportamental, voltada ao mercado de trabalho, em detrimento de uma abordagem político-crítica que promoveria maior transformação social. Conclui-se que, apesar do avanço na proposta de um ensino mais contextualizado, a BNCC não explora plenamente o potencial emancipador do Letramento Científico. Recomenda-se uma integração maior entre dimensões pedagógicas e ideologias que priorizem a formação de cidadãos críticos e agentes de mudanças sociais.