Dentre tantas agruras da vida na rua, ela foi o lugar mais rejeitado pelo lema “fique em casa”, sendo que a casa dessa população é a própria rua, espaço de disparate, insensatez, incongruência, pluralidade, volatilidade e nessa diversidade reside a vida de muitas pessoas que foram empurradas para a sua margem, mas também mas ela é também espaço de luta, de sobrevivência. Em 2019 o mundo foi surpreendido por uma epidemia que logo se tornou pandemia declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em fins de janeiro de 2020. Quando a pandemia emergiu, à população de rua foram destinados abrigos provisórios que acolheram em torno de 500 pessoas que receberam cuidado em saúde, alimentação, higiene, espaços para dormir, alimentação e proteção sendo direcionados para quem fazia parte do grupo de risco para o coronavírus, grupo este que abrange idosos, gestantes, pessoas com doenças respiratórias e cardíacas. A Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA) na figura da Equipe de Consultório na Rua (CnaR) levou para dentro dos abrigos, o cuidado em saúde para a população de rua durante o período de 2020 e 2021. Este trabalho consubstancia as ações e atividades realizadas pelo CNaR no ano em que a pandemia começou trazendo à baia algumas reflexões sobre a vivência da pandemia sob o ponto de vista do cuidado em saúde à população de rua no período que abrange a chamada primeira e segunda ondas da pandemia, tempo que ficará marcado na memória de todos e na história da humanidade.