Brasil
Martin Heidegger postulates the recovery of the creative power of the word as the fundamental task of phenomenology, identifying in poetry the conservation of this privileged form of relationship with language. The present work deals with language as a way of accessing the primordial spheres of being through an interpretation of mystical experiences as occasions for breaking the linguistic automatism that prevents seeing in the word something beyond a mere instrument for the transmission of information. Based on reflections on symbols developed by thinkers such as Gaston Bachelard, Paul Ricoeur, Mircea Eliade and Gershom Scholem, we propose a phenomenological conceptualization of the symbol as an entity of open meaning, whose origin refers to the positively indeterminate that constitutes the “object” of mystical experiences. Positively indeterminate is our expression for the divine, interpreting it as the source of all meaning that is, for that very reason, absent from any determined meaning, not because of a lack, but because of an excess of signification. The excess of signification is presented, then, as the key to a form of relationship with the word conceived as a force of creation.
Martin Heidegger postula a recuperação da potência criativa da palavra como sendo a tarefa fundamental da fenomenologia, identificando na poesia a conservação dessa forma privilegiada de relação com a linguagem. O presente trabalho trata da linguagem como via de acesso às esferas primordiais do ser através de uma interpretação das experiências místicas como ocasiões para o rompimento do automatismo linguístico que impede ver na palavra algo além de um mero instrumento para a transmissão de informações. A partir das reflexões sobre o símbolo desenvolvidas por pensadores como Gaston Bachelard, Paul Ricoeur, Mircea Eliade e Gershom Scholem, propomos uma conceituação fenomenológica do símbolo como entidade de sentido aberto, cuja origem remete ao positivamente indeterminado que constitui o “objeto” das experiências místicas. Positivamente indeterminado é a nossa expressão para dizer o divino, interpretando-o como fonte de todo sentido que é, por isso mesmo, ausente de qualquer sentido determinado, não por uma falta, mas por um excesso de significação. O excesso de significação se apresenta, então, como a chave para uma forma de relacionamento com a palavra concebida como força de criação.