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María Soledad Catoggio
Este artículo se propone abordar los diversos mecanismos por los cuales un modelo religioso, como es el del mártir cristiano, se convierte en una figura fructífera en el discurso político. La hipótesis de este trabajo es que el proceso de secularización y politización de esta figura es fuertemente vehiculizado por los propios agentes religiosos. El análisis contempla, por una parte, las iniciativas de homenaje tejidas entre agentes religiosos, actores sociales y funcionarios políticos que integran a los ‘mártires católicos’ al patrimonio de símbolos nacionales. Por otra, los diversos desplazamientos semánticos, plasmados en los discursos públicos de los propios agentes religiosos, que amplían los límites de la categoría religiosa, al asociarla a otras figuras del imaginario político, como son la del héroe y la de la víctima. Los resultados del análisis muestran que la potencialidad política de la figura religiosa del mártir es la proponer una víctima heroica legítima de la violencia política, evadiendo la difícil cuestión pública de elucidar las responsabilidades de la participación en la lucha armada.
This article addresses the various mechanisms by which the religious figure of the Christian martyr became a useful notion in Argentine political discourse. It argues that the process by which the idea of the ‘martyr’ was secularised and politicised was actually initiated by religious agents themselves. The analysis considers how commemoration initiatives devised by religious agents, social movements and political actors have brought ‘Catholic martyrs’ into the pantheon of national symbols. It also deals with the various semantic shifts seen in the public discourses of religious agents themselves, shifts that extend the boundaries of an eminently religious category by associating it with other figures in a more specifically political imaginary, such as that of the hero and the victim. The article shows how the political power of the religious figure of the martyr lay in the way various actors could use it to invoke the image of a legitimate and heroic victim of political violence. It thus allowed those actors to sidestep the vexed public question of whether those being commemorated had had any involvement in armed struggle.
Este artigo trata dos vários mecanismos pelos quais a figura religiosa do mártir cristão tornou-se um conceito útil no discurso político argentino. Argumenta-se que o processo pelo qual a ideia do mártir foi secularizada e politizada foi, na verdade, iniciado pelos próprios agentes religiosos. A análise leva em consideração como as iniciativas comemorativas arquitetadas por agentes religiosos, movimentos sociais e atores políticos trouxeram ‘mártires católicos’ ao panteão de símbolos nacionais. O artigo também trata das várias mudanças semânticas observadas nos discursos públicos dos próprios agentes políticos, mudanças estas que estendem as fronteiras de uma categoria eminentemente religiosa ao associá-la com outras figuras em um imaginário mais específicamente político, por exemplo, o herói e a vítima. O artigo demonstra como o poder político da figura religiosa do mártir foi utilizado por vários agentes para evocar a vítima legítima e heroica da violência política. Desta forma, permitiu aos agentes desviar-se da controvertida questão pública sobre o envolvimento dos que estavam sendo comemorados com qualquer aspecto da luta armada.
